Com apoio de integrantes da base aliada, deputados aprovaram nesta quarta-feira a convocação de quatro ministros para prestar esclarecimentos na Casa. Os parlamentares, insatisfeitos com a articulação política do governo Dilma Rousseff, levaram o governo a uma nova derrota.
Controlada pelo PMDB, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle aprovou a convocação do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, para prestar esclarecimentos sobre obras de mobilidade urbana e a resolução que dispõe sobre implantação de simuladores em autoescolas; e os ministros Manoel Dias (Trabalho), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Jorge Hage (Controladoria Geral da União) para falar de denúncias sobre irregularidades envolvendo ONGs. Somados a convites aprovados em diferentes comissões, a Câmara chamou 10 ministros para prestar esclarecimentos nesta quarta.
Ontem, partidos da base aliada levaram à aprovação de um requerimento que cria uma comissão para acompanhar, na Holanda, investigações que envolveriam a Petrobras. Dos partidos que formaram um bloco informal envolvendo partidos da base aliada, PP, Pros e PDT decidiram, após se reunir com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, a ajudar o governo a evitar derrotas na Câmara.
A convocação de dois ministros - Aguinaldo Ribeiro e Manoel Dias - foi vista como uma forma do blocão em dar o troco ao partido dos dois, o PP e o PDT, que se alinharam ao governo na votação de ontem, que criou a comissão da Petrobras. Ambos partidos tentaram obstruir a votação.
O líder do PP, Eduardo da Fonte (PE), negou que seu partido tenha saído do "blocão" de governistas descontentes, mas disse que não busca enfrentamento com o Planalto. Segundo ele, o partido defendia ouvir os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Jorge Hage (CGU) antes de votar o requerimento para criar a comissão.
"É importante que a gente escute e depois delibere no plenário, e não antecipar a deliberação. Nós não mudamos posição. Nossa posição foi liberar a bancada", disse. "Nós estamos discutindo a relação (com o governo), querendo um debate com a sociedade. Não queremos o enfrentamento. O PP não vai entrar em enfrentamento com o governo", afirmou.
Para o deputado José Guimarães (PT-CE), a oposição se aproveitou de divergências da base aliada para aprovar as convocações. "O governo não tem problema nenhum em mandar os seus ministros para discussão, faz parte do jogo democrático, não fugiremos a esse debate. Evidentemente, uma convocação tem motivos políticos. E é papel evidentemente que a oposição está jogando. Nós precisamos é acertar a nossa relação na base. A oposição está no direito dela", disse.
Convites
Antes de aprovar as convocações, os deputados da comissão já haviam aprovado um convite para a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, e o ministro da Saúde, Arthur Chioro, prestar esclarecimentos na Casa. Nesse caso, as autoridades não ficam obrigadas a comparecer, embora tenha havido um entendimento com deputados petistas de que ambos iriam à Câmara.
Outras comissões também aprovaram nesta manhã convites direcionados a ministros: a de Ciência e Tecnologia chamou Marco Antonio Raupp (Ciência e Tecnologia) e Paulo Bernardo (Comunicações); a Comissão de Integração Nacional convidou o ministro da mesma área, Francisco Teixeira; a Comissão de Viação e Transportes aprovou convite para o Secretário de Aviação Civil, Moreira Franco; e a Comissão de Esporte convidou o ministro Aldo Rebelo para falar sobre Copa do Mundo.