O golpe contra o ex-presidente João Goulart foi antecipado em alguns dias pelo general do Exército Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar em Juiz de Fora (MG), na madrugada de 31 de março de 1964, ao determinar às tropas sob seu comando que seguissem em direção ao Rio de Janeiro.
Ao desencadear o início precipitado da chamada "Operação Popeye", o golpe, que ainda não tinha data marcada para ter início, acabou derrubando o governo do ex-presidente.
A operação foi batizada em homenagem a Mourão Filho, em referência ao seu hábito de fumar cachimbo, admirador do personagem dos desenhos animados e do general norte-americano Douglas Mac Arthur, herói da 2ª Guerra Mundial, também fumante de cachimbo.
O militar determinou às tropas que comandava que o seguissem para ocupar a cidade do Rio de Janeiro logo após ouvir o discurso do ex-presidente João Goulart, na noite de 30 de março de 1964, no Automóvel Club do Brasil, no Rio, anunciando para cabos e sargentos as reformas de base. Em sua fala, Goulart quebrou uma das duas linhas mestras da organização militar: além da disciplina, a hierarquia. Além do anúncio das reformas de base, o ex-presidente situou os cabos e sargentos como um dos elos mais expressivos entre as Forças Armadas e o povo, e artífices dessa união. Foi a gota d'água para Mourão Filho.
Mourão, ex-integralista, foi o responsável pela redação do Plano Cohen, documento falsamente atribuído à esquerda e utilizado pelo ex-presidente Getúlio Vargas para o golpe que implantou a ditadura do Estado Novo em 1937.