Bastou o Flamengo perder para o Cruzeiro por 3 a 0 para se deflagrar uma crise no caldeirão rubro-negro. Com a queda para a 19ª posição no Campeonato Brasileiro, a preocupação aumentou. Ao mesmo tempo, contratações foram cogitadas. Há cerca de 10 dias, um empréstimo do meia Montillo junto ao Shandong Luneng-CHI foi ensaiado. O clube carioca se dispôs a pagar cerca de R$ 700 mil ao argentino. A alta quantia mensal a um atleta não seria uma novidade na gestão atual. Com o maior salário do elenco até maio deste ano, Carlos Eduardo foi alvo constante da ira da torcida. Para o ídolo Andrade, o discurso pés no chão da diretoria não se aplica ao que vem sendo praticado.
- A situação do Flamengo nesse momento é muito ruim, preocupante. Mesmo no início do Campeonato Brasileiro, sinceramente, estou muito preocupado. Chegaram fazendo um discurso de pés no chão. Mas na verdade isso é um pouco contraditório. Como vai fazer discurso pés no chão e pagar 500 mil para um jogador? Fica difícil entender isso - reclamou Andrade.
Para contornar a crise, Felipe Ximenes foi contratado como diretor de futebol dois dias antes da derrota para o Cruzeiro, por 3 a 0, na nona rodada do Brasileiro. No entanto, o resultado em Uberlândia agitou ainda mais a política do Flamengo. Horas após o jogo, o então vice-presidente de futebol, Wallim Vasconcelos, renunciou ao cargo. Para piorar, a própria situação do presidente Eduardo Bandeira de Mello, que após viagem por Paris retorna nesta sexta-feira, passou a ficar indefinida. Para Andrade, o clube vive um dos piores momentos políticos desde a sua saída.
- Agora, a coisa ficou um pouco mais confusa. O Wallim saiu, o Bandeira está naquela indefinição. E em termos políticos, de diretoria, o Flamengo vive um dos piores momentos desde que eu saí do clube. E isso tem que se acertar, para o bem de todos - disse.
Outro acontecimento que recebeu críticas foi a troca de treinadores. O comandante do título brasileiro de 2009 pelo Flamengo já afirmou que viu falta de respeito da diretoria na demissão de Jayme de Almeida. Além disso, analisou a parte técnica da mudança e afirmou que o time ficou mais vulnerável nas mãos de Ney Franco. Outro ponto abordado foi uma semelhança na sua passagem pelo Fla com a de Jayme. Ambos deixaram de ser interinos, conquistaram títulos importantes e foram demitidos no ano seguinte.
- Ele venceu uma Copa do Brasil (2013) e um Carioca (2014). Tinha credibilidade. E de repente essa mudança pegou todos de surpresa da forma como foi feita. Foi até uma situação um pouco parecida com a minha, em 2009. Na época, a diretoria ainda me chamou, me deu uma justificativa. Naquele momento, eu tinha acabado de ser campeão brasileiro (em 2009). Perdemos o Estadual (2010), mas deixei o time classificado na Libertadores, que era prioridade. Mas hoje estou tranquilo, resolvido. E é lamentável o Jayme só saber do acontecido pela imprensa. Poderiam tranquilamente tê-lo chamado para conversar. É normal a demissão de um treinador no Brasil. Mas faltou um pouco de respeito por parte da diretoria - criticou Andrade.